Se o mundo jaz no maligno, a Igreja do Senhor Jesus na terra deveria ser uma porta de esperança para os aflitos. Um hospital para os doentes da alma. Uma fonte de amor para os rejeitados e sofridos. Deveria ser a expressão da vontade de Deus neste mundo. Deveria, mas nem sempre é.
Infelizmente, há casos – e não poucos – em que muitas
congregações se perdem no propósito de servir a Deus. Carregadas por líderes
tiranos, manipuladores e dominadores, elas se tornam terrenos férteis para todo
tipo de abuso espiritual – um termo ainda pouco debatido na teologia, mas muito
conhecido e doloroso para quem dele se torna vítima.
Especialistas definem o abuso espiritual como o uso da
posição de liderança ou de poder para seduzir, influenciar e manipular as
pessoas a fim de alcançar interesses próprios. Quem pratica é muito hábil para
passar a impressão de que aquilo que querem é do interesse de Deus e de Sua
obra, quando, na realidade, é para satisfazer o ego. Já quem é vítima desse
sistema pode demorar anos para se libertar e carregar por um bom tempo as
marcas de dor, tristeza e revolta por ter sido abusado. Há
quem forme grupo de autoajuda na internet, outros procuram psicólogos,
terapeutas e psicanalistas, há quem se afaste da igreja e de Deus, e há casos
extremos em que muitos fiéis entram em depressão, desenvolvem doenças graves e
chegam até a cometer suicídio.